O convidado de hoje é o treinador da equipa de Juniores Femininos do S. Pedro, numa entrevista clara e bem directa.
O escalão de Juniores femininos do S. Pedro foi formado na época de 2007/2008, logo com a vitória no campeonato, com os mesmos pontos que a Che Lagoense. Em 3 anos de existência têm 1 primeiro e 1 segundo lugar no campeonato, na presente época estão em primeiro lugar a par da equipa da Che Lagoense. ..O Clube S. Pedro só pode sentir um enorme orgulho pelo trabalho desenvolvido pela equipa de juniores femininos. Quem conhece a vossa equipa vê que não é só o talento das atletas que decide jogos, mas o trabalho que se faz semanalmente. O segredo é mesmo esse, o trabalho que fazes semanalmente?
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LUIS MATIAS: Sim, realmente procuramos trabalhar bem semanalmente (microciclos), planeando variadas situações reais de jogo, quer ofensivamente (manutenções de sistemas, transições e esquemas tácticos), quer defensivamente (transições ataque/defesa e vice-versa: 2x1 para 2x2 e 3x2 para 3x3), entre muitas outras situações.
O Futsal é uma modalidade em que a maior parte dos golos se obtém através do contra-ataque e/ou ataque-rápido e não através do ataque posicional ou organizado e obtêm-se igualmente muitos golos através dos esquemas tácticos (como por exemplo: cantos, livres). Treinamos muito defesa posicional a meio campo (1:2:1) com coberturas e trocas defensivas; e obviamente pressão a campo inteiro (2:1:1). Basta ter criatividade para conseguir-se trabalhar diversas situações num mesmo exercício, como por exemplo juntar o treino físico com outras situações, sejam estas de ataque ou defesa.
Não posso deixar de referir, que trabalhar com mulheres tem muitas particularidades diferentes dos homens. E da equipa que foi Campeã na época 07/08, neste momento só estão duas (2) atletas, e continuamos com uma equipa bastante competitiva.
És um treinador com formação, que sabe o que faz e que aplica no treino, vê-se pelo comportamento das atletas dentro de campo. Para a evolução da modalidade e em particular do futsal feminino é importante que se transmita aos atletas as bases do futsal, que o treino seja rico e dinâmico. Digo isto porque infelizmente ainda não é a realidade da grande maioria dos treinadores, concordas?
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LUIS MATIAS: Sim concordo plenamente, e é completamente observável. Não é por falta de materialismo humano porque cada vez mais, se observa atletas femininas a treinar e jogar em diversas equipas/clubes nos escalões de infantis masculinos, principalmente em Futebol de Sete (7).
As bases do Futsal são mesmo muito importantes, pois um (a) jogador (a) com cultura táctica é sempre uma mais valia para qualquer equipa e para a modalidade em si. O nível técnico também é importante trabalhar mas penso que com o tempo e os treinos (exercitação) qualquer jogador (a) consegue aperfeiçoar essas qualidades, nestas idades.
A nível dos Treinadores obviamente que ninguém nasce ensinado, há que ir aprendendo e tentar dar o seu melhor para que as suas atletas evoluam!
Como funciona a vossa angariação de atletas. Passa pela divulgação, junto das escolas, ou é no passa palavra? Aparecem muitas raparigas a quererem aprender futsal?
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LUIS MATIAS: Normalmente observo e estou atento às equipas do Desporto Escolar. Preocupo-me em assistir a esse tipo de provas (Encontros). Sempre consegui muitas atletas deste modo desde que sou Treinador. Aqui em Faro é um pouco difícil, mas bem perto daqui, em Olhão existem muitas miúdas que jogam nas escolas. Algumas miúdas aparecem por outras atletas, como por exemplo atletas que já passaram por mim como Treinador, o que realmente é sempre bom, como por exemplo a última atleta que foi inscrita pelo S.Pedro, moradora em Olhão, que foi uma atleta das Seniores do N.S.F. que mencionou este Clube.
Tu que estás também ligado à equipa sénior do S. Pedro (masculinos), sentes no futsal feminino, descriminação, ou seja, sentes que o futsal feminino seja encarado de uma forma pouco séria?.
LUIS MATIAS: Sim, sente-se sempre, quer a nível interno (Clube), passando pelos atletas masculinos, Autarquia, entre muitos outros. Não sei o porquê, mas também não me interessa, pois continuarei o meu trabalho, se não for aqui neste Clube será noutro.
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No tempo que tens como treinador, que análise fazes há evolução do futsal feminino em particular à atleta feminina?
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LUIS MATIAS: Obviamente que noto alguma evolução, nomeadamente Zona Centro e Norte de Portugal, pois talvez esta discriminação que se fala não seja bastante assente.
Tenho amigas (atletas femininas) que estão a jogar (representar) Clubes em Espanha e não só, ganhando algum dinheiro, tendo outras regalias através da modalidade, o que realmente é bastante positivo.
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Qual é a verdadeira realidade do Futsal Feminino no Algarve, quais as maiores carências?
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LUIS MATIAS: Penso que as maiores carências existentes são a nível de Treinadores qualificados.
“Temos” de trabalhar muito mais, diversificar exercícios, entre outras situações. Pois, como é possível melhorar ou evoluir, se em muitos Clubes chega-se ao treino, faz-se equipas e diz-se “Tomem lá uma bola e joguem!”
Digo isto porque sei que isto acontece, ainda é uma realidade! Não é por falta de formação de certeza. Mas sim por falta conhecimento e atitude, pois temos de querer dar sempre mais pela modalidade. Até sou pessoa como sabes, de orientar a quem queira e necessite exercícios que faço, diariamente e semanalmente. É só pedirem!
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O S. Pedro só tem apostado no escalão de juniores, mas com a evolução das vossas atletas e a idade, não estará na altura de apostar também numa equipa sénior. Seria o passo seguinte, senão o investimento financeiro e humano não tem retorno. (sei que as atletas têm uma grande participação nos custos da equipa)?
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LUIS MATIAS: Será um pouco complicado a nível financeiro implementar esse escalão neste Clube, a não ser que houvesse muito mais apoio da Autarquia e de patrocinadores.
Sim, as atletas contribuem com uma quota de inscrição anual de 70€, o que ajuda bastante, mas que nem chega sequer a 10€ por mês, obviamente que é para pagar despesas do escalão. É uma filosofia que o Clube implementou, não sendo para remunerar Treinadores, nem nada desse género.
Mas não tem comparação o gasto financeiro entre um escalão de Juniores e Seniores Femininos. Cada jogo em casa de Seniores poderá chegar aos 150€, o que é realmente muito elevado, em comparação com as Juniores cerca de 40€.
Sinceramente, não me preocupo com o retorno a nível do investimento feito, pois também nunca ganhei nada com isto, só gasto (tempo e dinheiro). Não necessito de protagonismos! Adoro a modalidade e só quero trabalhar para ajudar as (os) nossas (os) atletas e a modalidade! =)
Somente acho discriminatório que exista Fase Final Nacional de Juvenis e Juniores masculinos e não haver de Juniores femininos. Seria uma meta ou um objectivo (ambição) a conquistar, trabalhávamos para um objectivo. Nem que fosse um Torneio com os primeiros classificados (Clubes) de cada Associação! Assim, trabalhamos para ser Campeão! Acho pouco, pois para mim o reconhecimento, se ganhar um Campeonato não é nenhum! Assim teríamos sempre a oportunidade de jogar contra outras equipas, ganhar maturidade, observar outros sistemas de jogo, fazer outras amizades, entre outros aspectos.
O Campeonato de juniores tem mais equipas inscritas do que o Campeonato de seniores é um bom sinal, será uma aposta dos clubes na modalidade?.
LUIS MATIAS: É uma mais valia para a modalidade nesta região, uma aposta sempre ganha para quem começa. Também já estive desse lado, implementei um escalão de Juniores Femininos no Núcleo Sportinguista de Faro, começando do zero. É sempre bom ver as atletas evoluírem, melhorarem de treino para treino. Obviamente que o espírito competitivo das atletas tem de ser outro (ser trabalhado e moldado pelo treinador).
Como referi anteriormente cada vez há mais atletas a praticarem esta modalidade nas escolas e na rua. Daí muitas equipas começarem essa aposta. O importante é não desistir, “não jogar a toalha ao chão”. É sempre gratificante qualquer Clube colocar jovens a praticar desporto, existindo obviamente Autarquias que ajudam mais que outras em termos financeiros e a nível de retorno do trabalho desenvolvido.
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Que análise fazes ao campeonato de juniores?
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LUIS MATIAS: Um Campeonato equilibrado entre duas equipas até à 16.ª Jornada: Che Lagoense Vs. S. Pedro, marcado para o dia 28 de Março de 2010. Somente dependemos de nós e do resultado deste jogo.
Os projectos muitas vezes carecem dos apoios Institucionais mas cada vez mais de particulares / empresas. Que apoios têm e quais a vossas maiores necessidades?
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LUIS MATIAS: Apoios? Não me faças rir! Temos/tivemos o apoio da Barbot, através do pai de uma atleta que falou com uma pessoa responsável e este parceiro contribuiu financeiramente com algum para a época desportiva (08/09). Para veres a semana passada tive de ser eu a pagar dois fatos de treino a duas atletas que têm algumas dificuldades, pois aqui cada atleta paga o seu e fica com ele para uso próprio. Tive de comprar 16 pares de meias com o meu dinheiro, pois as miúdas já jogavam com as mesmas meias desde que foi implementado neste Clube os femininos. Só aqui dá para ver tudo, fora o resto.
A nossa grande ajuda a nível de apoio particular é a Elevis Elevadores, um agradecimento especial.
Em termos de Autarquia, que apoios têm? Como é a situação em termos de infra-estruturas?
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LUIS MATIAS: Temos nesta época o apoio da Autarquia a nível do protocolo com a Associação de Futebol do Algarve, para pagamento de inscrições de atletas, na época anterior, o apoio foi zero (0).
A nível de infra-estruturas treinamos duas vezes à Quarta-feira das 18h45 às 20h e às Sextas-feiras das 20h às 21h15 no Pavilhão da Escola Afonso III, em Faro, através da cedência do espaço pela Autarquia em protocolo de Associativismo Desportivo. Quando existe jogo dos Seniores Masculinos em casa (sextas-feiras) temos de terminar mais cedo por volta das 20h40. Um Pavilhão razoável, dá para trabalhar mas cada vez sinto-me mais humilhado com esta cidade. Não temos um Pavilhão decente na Capital do Algarve.
A Junta de Freguesia de São Pedro, ao contrário que muitas pessoas pensam apenas cede-nos a carrinha de 9 lugares, o que é muito bom (a logística é sempre muito importante), mas a nível de apoio financeiro zero (0).
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Qual é a estrutura da vossa equipa. Quantas atletas têm?
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LUIS MATIAS: Esta época renovámos a equipa, pois saíram cerca de 6 atletas e neste momento contamos com 13 atletas inscritas e mais 2 atletas a treinar esporadicamente. Uma das atletas inscritas, esta a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao joelho, pois lesionou-se no jogo da época passada contra a Che Lagoense (quase à 1 ano parada, irá começar a jogar brevemente).
Três pessoas que me ajudam bastante a nível de treinos e logística (Cristiano Murta nos treinos, Ana Luísa e Norberto Belo “Beto” na logística), para eles um agradecimento especial. Obviamente que o Presidente do Clube o Pedro Cláudio também nos ajuda bastante, a nível de transportes, entre outros.
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Que análise fazes ao Futsal Algarvio em geral?
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LUIS MATIAS: Penso que cada vez mais, existe evolução do Futsal no Algarve, a nível de formação de masculinos e de femininos. Tenho observado com regularidade diversos jogos de Futsal, em diversos escalões e tenho gostado bastante, é sinal que existe trabalho e Parabéns a todos os Treinadores pelo trabalho desenvolvido, continuem caros colegas.
Numa sequência de perguntas e respostas rápidas:
Qual o (a) melhor treinador (a) português (a)? .
LUIS MATIAS: Paulo Fernandes (Sporting)
Qual o (a) melhor treinador (a) algarvio (a)?
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LUIS MATIAS: Vítor Santos (Padernense) e Nuno Xabregas (UALG)
Qual a melhor jogadora portuguesa?
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LUIS MATIAS: Sofia Vieira
Qual a melhor jogadora algarvia?
LUIS MATIAS: Carolina Damasceno
Qual a melhor equipa algarvia?
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LUIS MATIAS: Padernense Clube (Fem.) e Albufeira Futsal (Masc.)
Quem vai ser a campeã Distrital?
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LUIS MATIAS: Padernense Clube (Sen. Fem.) e “talvez” nós S. Pedro (Jun. Fem.)
Obrigado grande abraço
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Luis Barradas
A Associação de Futebol do Algarve divulgou em nota imprensa que já expressou o seu pesar ao Governo Regional da Madeira e à Associação de Futebol da Madeira, lamentando os trágicos acontecimentos que deixaram um rasto de luto, dor e desolação naquela ilha. Pelo qual será respeitado um minuto de silêncio em todos os jogos da responsabilidade da Associação de Futebol do Algarve a disputar este fim-de-semana, em memória das vítimas da Ilha da Madeira.
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